24.10.06

Sonhar-te aqui é amanhecer feliz todos os dias. É ter o sol na barriga e pensar um rei na minha cama. É ser grande pelo mundo inteiro, mar e oceano na boca quando pouso a cabeça no teu peito. Transformar lágrimas em suor, deitada sobre ti neste calor. Ser completa e não mais.
Ser-te de te dar a mão e guardar todos os lugares bonitos para ti, oferecer-te uma cidade em troca da coragem. E não querer mais desculpas para amar, não amar, ser tanto. Tu e eu. Um segredo. Um beijo. E um sorriso que me ofereces, porque ao teu lado sou mais bonita.

21.10.06


Falar contigo é uma tempestade tropical na minha vida. Destroi todas as defesas e barreiras que eu tinha construído, todas as ideias mal feitas, todo o egoísmo. É uma enxurrada no meu coração, doí-me e torna-me mais feliz. Quero ser grande como tu e assim... tão bonito. E sou quando te sinto, quando volto a saber que sou amada por ti. Pergunto- me porque me esqueço disso e se preciso de esquecer. Hoje acordei com a cozinha inundada. De cócoras e vestida de preto, pensava em ti, enquanto recolhia a água que era as lágrimas que chorei ontem. Quero chegar e ser lembrada de tudo, quero que um dia me contes a historia do nosso amor. Não te quero libertar e sou má por isso. Não sou tão nobre quanto tu, talvez mais dada, mas não tão nobre. Queria-te conservar aí em uma cápsula de tempo à minha espera. Mas quero querer melhor. Desejar que vivas, que te cuides, que fujas das angústias e lhes resistas. Sei que quando arranjares alguém que te abrace será mais fácil perder-te. Não me importa, quando voltar luto por ti de novo e assim vais tendo um abraço que te segure. Meu grande, tão grande amor.

19.10.06

Passa um dia, passam dois. O ritual é sempre o mesmo.
A areia que já conhece as palmas das minhas mãos, o mar que me envolve como lençol nenhum conseguiu. O sol que me fecunda o ventre. Sinto-me mulher neste mar, sem precisar de homem nenhum, de nenhuma entrega, nenhum desejo, nenhum corpo para além do meu.
E na água deixo todas as mágoas, saudades e historias. Cada dia perco um pouco mais de ti, a tua preguiça, as tuas defesas, o que quer que chames à tua indiferença faz-me abandonar-te.
Hoje com o pé na água perdi uma história. Elas descem pelas pernas abaixo que nem aneis e ficam lá, no mar. O dia em que te disse que queria namorar contigo. Não me lembro de desciamos ou subiamos as escadas do prédio. Hás-de me contar isso um dia. Quando voltar e tiveres que me contar todas as historias para eu lembrar de novo... Se assim for. Porque, agora, vou esquecer... deixar, perder no mar.
O mar, quando cheguei, era o que me unia a ti. Olhava para o horizonte e julgava ver-te do outro lado. Percebi que era ignorância minha. Estou numa baía, de todos os santos segundo dizem, e dobrada sobre mim. Por isso é lá o pôr do sol e não o nascer.
Agora entendo. O mar é o que me revolta, reprende aqui. E do outro lado só tem um caminho de volta para mim, um caminho para dentro de mim.
MIM, MIM, MIM, MIM, MIM e um tu que é levado nas lágrimas que já não choro.

17.10.06

Sinto-me inteira. Na minha dor, felicidade, na minha excitação e tristeza.
Em todo o meu desarranjo sinto-me INTEIRA. E a culpa é do pôr do sol, do céu rosa-azul, da luz que se escapava por entre as nuvens, da bola laranja que virou meu coração. Do negro que me disse que o indio só pega na mão para namorar e que um sorriso é tanto amor no meio da desarmonia de hoje em dia.
O mundo tem cada vez mais luz. Cada vez mais harmonia.
E eu tenho me cada vez mais.

16.10.06

Tento falar contigo e não consigo. Atas-me a boca assim. Num nó mais forte do que aquele que sinto nas pernas quando me olham na praia. Um nó mais rasgado do que os olhares com que tentam entrar por mim dentro. Desses defendo-me. Defendo-me de todos os homens que me sobem as pernas e me roçam no corpo, de todos aqueles cuja baba tenta chegar no meu beijo, cujas mãos me querem abrir as pernas. De ti... não me sei defender. Magoas-me quando não fazes nada... magoas-me por nada fazer. Libertar me de ti... Libertinar-me de ti, sem ti libertinar-me. Como? sinto que já não sei fazer nada. Antes ainda me preocupava ser um boa trepa... trepar bem.
Gosto tanto dessa palavra... TREPAR. Ocorre-me sempre a imagem de alguém subindo num coqueiro... algo bem tropical, bem exótico, como o país onde é usada. Ou então aquelas imagens do kamassutra que com 5 anos roubei à minha mãe. Todas as Trepas dadas de pé por aqueles seres que fodiam sem suar, sempre suspensos pelas linhas carmim. Trepar tem que ser de pé, não pode ser algo passivo, deitado... Já nem sei... Não trepo faz tempo. Não sei se algum dia trepei... assim tão dinamicamente quanto a palavra.
Sempre criei em mim o mito de que era boa, boa na cama, boa de cama... Nada me preocupava que pensassem de mim, mas que dissessem algum dia que era uma foda terrivel... assustava-me! Não condizia com o prazer e eu que dedicava. E costumavam sempre dizer que sim.
Depois vieste tu. Que nunca dizias nada. Sobre nada, sobre nós, sobre mim. Ou te arrancava algo à força ou quebravas as minhas carências com ditos que ficavam sempre pendurados entre o bonito e o analiticaMENTE correcto.
Agora... nada disso me importa. Se me importa algo é vir-me. Por isso não trepo, venho-me... e só de mês a mês.

13.10.06

longe







Tem dias... dias que me sinto assim. que te sinto falta e nem sei quem tu és, qual dos muitos que me faltam.
Lembro de um rosto, de um carinho, de palavras bruscas de uma, o outro que trazia um abraço. Lembro desejos recalcados, DEus! como quis ter aquela mulher só por querer ser um pouco mais ela. E como te tive a ti. Agora longe. Tudo à distância de um mar tão grande que mesmo sereia não conseguiria aí chegar, não quereria... agora na terra do mar.
São estes os dias em que não sei se me perdi, em que julgo que onde tudo deixei deixei me a mim também. Sei que sim. Não sei se é por estar febril, mas hoje lembro tanto... Queria escrever-te das formas que nunca consegui, escrever o teu peito que cheirava a mel quando, e ainda, me dás colo, o cafuné que fazias quando deitava em ti e cheiravas a lavanda, a lagrima água de banho que ficou gravada enquanto descia pelo teu rosto. Estas são as três mulheres que lembro.
Da outra só quero o que sentia quando te encostavas a mim, o que queria sentir de tesão por ti. Sinto e penso... Um dia. E tu, tu, tu, tu, tu, tu.... TU que eu não deixei mas que quiseste largar, TU que me fez partir quando já estava longe, tu que sinto fugido do tempo bom, escondido no escuro, largado... obrigado a forçar me. Primeiro a amar... depois largar. Não queria ter ficado sem ti, e de ti sei que o cheiro vai ser sempre o mesmo... leve, entre o sexo e o jasmim. Sei te e sabi te rapazinho desajeitado, homem sem ginga, mas sempre te quis assim. Já não sei amar outro, já não quero mais nenhum no meu corpo. Desaprendi as artes contigo, perdi o meu beijo... e o coração que deixei aí... esse, partiste.
Já não busco tesão, muito menos amor... iludo me com a passagem de um tempo que será sempre longo demais, longe de mim.