28.3.12

Tudo o que queria dizer

é que já são demasiadas as noites sozinhas. E que reconheço quem me faz, em vezes benzinho, e num gemido fininho, miar de gato pequeno para que ninguém ouça, embelezo demasiado quem pouco fez.
Que já devia saber que o sal e o sémen da mesma vez anunciam o fim de algo que nunca foi significado. E que me iludo com fugas, a justificar a insistência, a pensar que é medo, sabendo no íntimo que o que é, é, negando para bem de mim esse desinteresse descuidado.
O que ponho em cima da mesa talvez queira que pareça tremendo e mal-fadado, ou se, por bom que seja, traga portadora culpada, mas chega, parou desta ilusão que aguenta a vida, deste orgulho pequenino que comporta bem toda a recusa. O não não é das promessas é do que lhes é na verdade dado. O presente é recusado. E em pontos finais bastou a ilusão. O silêncio dos visados deveria chegar para saber que o fito não lhes chega ao coração. Ninguém se segura por mim. Nem o outro sentiu o que quero, espero que sinta.
Nesta terra que abandono, abandono e sinto... aqui já não há quem me pegue.
A passo largo, fujo, sigo, ando, para outro lado.

2.3.12

O que não disse

Contei-te do corpo livre, não te contei do coração de poeta. Nem de que cada homem que possuo, demente, de mente limpa e recta, fica um pouco de coração e o desejo que não termine, não. Absurdo, guardo ainda os lençóis, sem medo de repetir com outro, compartido o espaço que noutros dias vivo sacro, e de manhã quedo me mais um pouco na preguiça que renomeaste. Não te diria que fecho e inspiro num mergulho azul cada momento mais breve, nem que espero que passes. Não recrimino o tempo estendido que passaste, nem me causa estranheza a intimidade que partilhaste, apenas o que estás habituado, com corpo fora de hábito. E vejo-me entre a tua cara cansada e o teu corpo de menino, de mãos no ombro moreno e traçado, lançado, perdido, sem me chegares e todo em mim no mesmo instante. E o absoluto e valor perfeito que é não te ter nunca mais, integro a cada momento, com um repreensível desejo de te repetir, de te sentir meigo e profundo em mim, em cada avanço tão cheio quanto de tantas formas te tive em mim.
Foi muito em pouco tempo.
E mais queria, por que em que tempo fosse seria sempre um tanto de amor e outro tanto de tesão.