22.7.13

São flores, senhores

As mãos em cima em renovado tratamento, respirar circular mais lento e um crescendo a descer a cada três batidas. Na cabeça, pede um cumprir, na garganta que se liberte qualquer engasgar, no coração, sem medo, sossego, à barriga dá-se satisfação, no sexo, não se dá, recebe-se, poder. 
A descoberta de um novo toque, quase sem pousar, que muito se sente, as pontas dos dedos de encontro à pele num caminhar leve, contínuo, de arrepiar. E de novo as mãos estendidas, o peito aberto, boca em riste, mas silêncio, sem espinha crispada, à espera tranquila de corpos para trocar.
Uma nova disciplina, mais um calçado para o caminho tremendo e redescobrindo o domínio, de forma assertiva e doce e todos os paralelismos entre o que é pintado de negro ou esfregado de luz, esperando carne para colocar, metodicamente, o pé. Indagando quais os rostos que receberão os beijos, as coxas que serão fustigadas, os membros que receberão óleos ou coleiras, quem sabe à vez.
As mesmas vontades, outros objectos de desejo. E a tranquilidade sabendo que não há nada que fique por experimentar. E por momentos do dia, rosas, águas ou peixes, beijos no olhar. A lua cheia, com tanto que traz à tona, mas já não deixando anunciar. E o uivo, contido até que se queira, adivinhando que de quando em quando abrir a boca é já ou apenas caçar.
Cheira a incenso por onde se anda, a templos sagrados que são braços e peitos, a suor e suavidade, a promessas e planos.
Sentindo, portando, o que será, será.
Sem nunca o coração deixar de ser um jardim.