Depois há estes dias... dias em que me sinto cansada, rota, espremida, dias em que se abro as mãos é por rendida, numa desistência tão só passiva. Dias em que o corpo range, seco, e os espelho grita. em que o ventre carente clama por outro, o de ontem, o de amanhã, o que não veio, nem se quer e o corpo fica mal vestido, em que nada lhe serve, e pouco a própria carne. Transvestido numa dor de saudade, de ausência. Onde a nostalgia tem lugar, as dúvidas crescem e se deseja ou o que já não lhe cabe bem ou o que não teve, nem esquece. Dias perdidos, sem vento, só tédio, onde tudo é feito, mas nada cumprido com um sorriso. Dias lugares, praças de pedra e sombra, dias vaguear sem sair do sítio. Depois... há esses dias, que fazem três mas já não se justificam, que levam a alma para o que passou e escondem o coração. Dias de pele grossa mas pedinte, de mantos sem promessas e de quartos que se querem vazios, dias em que não, nada, sem crença, nem perdão, nem se sabe quando passa e quanto se tem que passar. Dias de só em audiência, de próprio julgamento e de juiz compaixão tremida, sem lágrimas, sem sentimentos. Dias em que nada passa e tudo é devagar, em que sou só assistência. Dias em que não há no que acreditar.
Depois há esses dias... cansada. Quieta pelo dia seguinte. Com mãos mornas e pêlo frio, revestida a reptil e perdida pelo não conseguido, pelo direito que ainda não foi oferecido. Dias mágoa, disfarçada, calada, de uma só lágrima pelo canto caída, no lado de quem não vê.
Dias quieta... há espera do outro dia.
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