5.11.13

Amai-vos uns aos loucos

Nunca um Outono teve um sabor assim, tão a primavera, amargo e doce, com brisas e chuvas poucas. Nunca o Inverno se avizinhou tão quente, de sol em avenidas e verão no corpo. 
Resta-me acalmar os medos, aceitar a primeira confusão, arrumar buracos negros onde tudo a qualquer momento se encontra e preparar as mãos para não pararem de receber crentes.
Oferece-se a mim esta cidade, com paisagem ampla, uma casa e uma janela, com vista para tudo e floreiras a serem plantadas. Habituam-se aos pés as linhas escuras, ao olhar as calçadas e dias de sossego e cordas após dias de muita gente. Redesenham-se rotinas. Melhores, mais proveitosas.
E o meu coração, descompassado, soletra o primeiro mandamento, enquanto a mente se entrega a uma organização cada dia mais precisa. 
Resta-me comandar o tempo, conhecer o espaço. Cabe-me viver aos poucos, com um sorriso que por pouco não cabe em mim.

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