...ou: quando a garganta aguenta, as mãos fazem o trabalho.
O mar hoje está cor-de-rosa. Lembra-me o homem mutável e todos os prazeres que não sei se guardo ou deixo para traz.
Pela primeira vez, o calor não é abafador e os meus braços arrepiam com o frio. Em todo o caso, nada importa. O espaço sim, o tempo não.
Continuo à espera das ligações de amigos, de respostas, comentários, e, principalmente, daqueles que me rejeitam. Como esses se tornaram importantes. Acredito ainda nos convites a longo prazo, para projectos futuros pendurados no passado. De promessas que até podem ser quebradas, dos abraços que ficaram por dar.
Se a chuva aqui é miudinha e aí já chegou a primavera, pergunto-te se ainda não encontraste a flor que me deves. Quanto tempo mais vais remoer a distância que não sentes por ninguém, as histórias que nem chegaram a acontecer. Como de repente passaste a dar um gesto em vez da mão e se alguma vez fingiste a irmandade que agora pareces esquecer.
Se cometi algum erro, foi levar-te a sério tempo de mais. Contudo, prefiro acreditar que o afecto é maior e que tudo voltará a ser melhor que antes. Se me julgas é porque nunca me chegaste a conhecer. Apenas encheste o ego e a barriga ao partilhar as tuas festas comigo e com os outros.
Um dia quero saber que me engano. Que nos enganamos os dois ao pensar. E, entre risos e bagaço, olhares cúmplices de dois que podiam ser irmãos, o orgulho estampado nos sorrisos, adivinhando que, mais uma vez, podemos crescer os dois juntos, sem que agora sejas só tu a ensinar.
1 comentário:
Ler te, às vezes, é como receber um soco no estômago... outras é como receber uma brisa no corpo.
Como podes escrever tao bem assim, menina linda... tao linda é carmo.
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