
Na praia do porto
o corpo dourado,
a palavra morta
e a fome castrada.
Uma mão na areia
e outra na boca,
um pé cai no mar,
o outro se afasta.
O sol que não pões,
o olhar que não cansa,
o peito não dói
e a luz não abranda.
Ao ouvido chega
a prece daquele,
finge que não ouve,
que é como ele.
Na barriga cheia
tanto por saciar,
a baba, os princípios
a que me agarrar.
No fim do desejo,
tu que não estás cá,
na cabeça alheia
querem-me tomar.
E meu breu tatuado,
tanta fantasia,
no fim do teu dia
de novo a meu lado.
Em quantas palavras
tudo o que não faço
e bem entre as pernas
vontade de amasso.
Os dedos ascéticos,
a cabeça suja
e todo o amor
ganhando ferrugem.
Do consolo, os cabos,
da raiva, o mar,
do brilho, os trabalhos
e nas noites, deitar.
12deabril2007-dia60