15.6.16

em dois compassos (um desejo e um recado)

preciso que se reescreva a promiscuidade.
de não continuar retalhada entre os romances que li e a liberdade que me cose.
canso-me das narrativas que me prendem à leviana ou marialva condenada ao castigo ou à salvação da monogamia aborrecida.
não me preenche esta norma que cinge os meus amores a lugares onde não me esventro. que os invalidade por não haver como os dizer.
enquanto eu mesma me desfaço das linhas que me condenam ao medo que o amor me torne menos e o sexo mais mulher.
quero desendeusar este pânico que enfrento no risco de ser mais um cliché. valer a audacidade sem por isso dar menos e menos receber.

( as vezes, contigo, assusta-me amolecer. ficar carente, presa a uma co-dependência que me vai fazer desvanecer. onde estão as novas histórias que desfeminilizam o amor, que tiram os anos da cultura e deixam de me por a jeito de tornar mulherzinha, de me desmerecer? 
quero celebrar para além da aceitação... aceitação, corrida, partida, nunca o ganho. A meta sempre uns metros à frente, enquanto festejo o andar.
Senão onde encaixo a tranquilidade, o carinho, a tesão? )

 preciso que promiscuidade revele mais do cuidado com que se escreve. ressignificar fora do assignado.

é preciso ocupar o amor
e dar-lhe uma casa sem paredes

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