16.10.06

Tento falar contigo e não consigo. Atas-me a boca assim. Num nó mais forte do que aquele que sinto nas pernas quando me olham na praia. Um nó mais rasgado do que os olhares com que tentam entrar por mim dentro. Desses defendo-me. Defendo-me de todos os homens que me sobem as pernas e me roçam no corpo, de todos aqueles cuja baba tenta chegar no meu beijo, cujas mãos me querem abrir as pernas. De ti... não me sei defender. Magoas-me quando não fazes nada... magoas-me por nada fazer. Libertar me de ti... Libertinar-me de ti, sem ti libertinar-me. Como? sinto que já não sei fazer nada. Antes ainda me preocupava ser um boa trepa... trepar bem.
Gosto tanto dessa palavra... TREPAR. Ocorre-me sempre a imagem de alguém subindo num coqueiro... algo bem tropical, bem exótico, como o país onde é usada. Ou então aquelas imagens do kamassutra que com 5 anos roubei à minha mãe. Todas as Trepas dadas de pé por aqueles seres que fodiam sem suar, sempre suspensos pelas linhas carmim. Trepar tem que ser de pé, não pode ser algo passivo, deitado... Já nem sei... Não trepo faz tempo. Não sei se algum dia trepei... assim tão dinamicamente quanto a palavra.
Sempre criei em mim o mito de que era boa, boa na cama, boa de cama... Nada me preocupava que pensassem de mim, mas que dissessem algum dia que era uma foda terrivel... assustava-me! Não condizia com o prazer e eu que dedicava. E costumavam sempre dizer que sim.
Depois vieste tu. Que nunca dizias nada. Sobre nada, sobre nós, sobre mim. Ou te arrancava algo à força ou quebravas as minhas carências com ditos que ficavam sempre pendurados entre o bonito e o analiticaMENTE correcto.
Agora... nada disso me importa. Se me importa algo é vir-me. Por isso não trepo, venho-me... e só de mês a mês.

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