20.10.11

Amanhã

Amanhã vou voar...
vou tentar...
vou...
voar...
E assumo de vez as asas porque luto, lanço-me neste voo infinito, ultrapasso a dor.
E se conseguir, apanho as pontas soltas, sou medo e deixo de ser.
E tu, vais aprender que não sou presa para me caçares? Que sou mais livre que qualquer jogo e que caminho para o enlaçar? E que se és terra e eu sou ar, ambos podemos ser fogo?
O que te falta por mim? Desejo ou medo de me alcançar? Ou falta-te apenas vontade e não o sabes declarar? Não se brinca assim, rapaz.
Tenho asas para ambos, tenho asas para um milhão... mas quero tudo a que tenho direito, o sonho, a dança, alguém que me ampare nos dias maus, o desejo e a vontade de me alcançar... por agora não vou correr mais rapaz, e se não te apressas deixas-me escapar... E se te preocupa o meu corpo, a minha partilha, os meus beijos, não te desenganes, eu não procuro padrões, nem corro por histórias antigas, quero novos livros, novos começos, novos traços e novos quadros de cabeceira. Não queres o mesmo que eu?
Não queres tanto? Deixa-me andar então... e não augures o que ainda não se cumpriu, não preciso de sofrer mais, nem preciso de perder, sei ser boa alquimista desde cedo e transformar a dor não em ouro, mas em mercúrio, amor. Mas não tenho medo e quando o tenho, tremo em braços mas ando para ele.
O que precisas mais? De promessas, papeis passados, que me guarde para ti... tolices, anda ter comigo e vive no meu tempo um dia, deixa-te tentar, procura-me no dia das minhas, das dadas, das donas do volátil, detentoras do desejo, amantes do riso e do amor.
E entende, se me deres tudo... eu dou-te a dobrar.


*e se não voar, sei que tentei...

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