2.10.11

um segredo para ti

*Coração de titã, Beatriz Cunha



Ainda não sei o sabor dos teus beijos e pouco conheço do teu toque. Conheço o que chamo teu, os pelos onde roubo beijos, quando abixano a tua cara para perto de mim e dou um cheiro.
Delineio em imagem o teu polegar que entrelaço em toda a minha mão e a a tua cor lembra-me a minha: foi a mesma terra que nos fez e parece-me que nos fez aos dois índios.
Não conheço a tua medida, que susto,a medida do que dizes... fico com medo de te levar demasiado a sério, ou a brincar e te perder. Mas, porra, rapaz, cheiras a fumeiro... isso não se faz! Como te poderei tirar de mim se me inundas de meiguice e de gula sem me tocar. E só me abraças quando a noite chega... ao sol roubo-te eu pele para beijos, e fixo as tuas cicatrizes e defeitos quase com devoção.
Encantas-me e passeias-me e a cada passo teu pões-me em perigo. Que faço com esta vontade, com a criança ciúme que tiras dentro de mim, com as projecções, sonhos e esperanças que, ainda não sei, alimentas com brincadeiras. O teu sorriso desperta o meu, juntos a sorrir devemos iluminar um pavilhão e sonho-me nos sonhos que me insinuas, em cada sentimentalidade que dizes. Dizes que tens coração de pedra, cinzento... eu só sei que é grande e que em cada procura te sinto quente, amplo a fechar-me nos teus braços e a abrir-me as vistas.
E se nesses miradouros que me levas contemplamos o abismo infinito de mergulharmos um no outro, a brava de coração sou eu, titã que te puxa, enquanto tu dás cada passo com a suavidade que se impõe, com cuidado com esse coração, como se de vidro e não mármore fosse, num novo tempo que a cada dia me ensinas, enquanto te testo e espero que tu me busques em cada estação.

Procuro as cores que te digam tudo isto baixinho, amor num sussurro e o compromisso que te conquisto, cada dia um pouco mais.

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