2.3.12

O que não disse

Contei-te do corpo livre, não te contei do coração de poeta. Nem de que cada homem que possuo, demente, de mente limpa e recta, fica um pouco de coração e o desejo que não termine, não. Absurdo, guardo ainda os lençóis, sem medo de repetir com outro, compartido o espaço que noutros dias vivo sacro, e de manhã quedo me mais um pouco na preguiça que renomeaste. Não te diria que fecho e inspiro num mergulho azul cada momento mais breve, nem que espero que passes. Não recrimino o tempo estendido que passaste, nem me causa estranheza a intimidade que partilhaste, apenas o que estás habituado, com corpo fora de hábito. E vejo-me entre a tua cara cansada e o teu corpo de menino, de mãos no ombro moreno e traçado, lançado, perdido, sem me chegares e todo em mim no mesmo instante. E o absoluto e valor perfeito que é não te ter nunca mais, integro a cada momento, com um repreensível desejo de te repetir, de te sentir meigo e profundo em mim, em cada avanço tão cheio quanto de tantas formas te tive em mim.
Foi muito em pouco tempo.
E mais queria, por que em que tempo fosse seria sempre um tanto de amor e outro tanto de tesão.

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