15.7.12

coração bailarina torta

O mesmo passo doble, vezes sem conta, sempre numa primeira certeza que desta vez não vou tropeçar. O mesmo tropeço no ar, bobo, sem queda, com graça e no pouso seguinte a conseguir equilibrar. A historia do sorriso, a historia do outro, uns sonhos bem parecidos, um beijo, dois, mais doce, terno e a segurar, o travo de um mordo na boca, a capacidade de suar. Acredita-se no passo maior, em paradoxo vocaliza-se o não acreditar, contradiz-se a beleza da sonhadora ao dizer nunca projectar. 
Porque se quer sempre o tudo no agora. Máxima de coração solto, nunca esperar. 
E os nuncas que se perdem enquanto se continua a tentar... Arranjam-se as mesmas fitas, arranjos e laçarotes do mesmo sítio, encontram-se peças de encaixe tão livre, aumentam-se as visões que se podiam compartilhar. E a dança quebrada que só tu sabes não resultar. 
Coração nómada, pradaria, coração índio, de nariz alto porque nunca se mostra a quebrar. E a busca contínua do primeiro caminhante para a tribo que queres fundar. Podia ser o outro pelo encosto, aquele pelo insólito, ela pelo fascínio, o dos olhos da preguiça, o das palavras que nunca deviam ter sido ditas, este pelo mesmo procurar.
Podiam ser todos e tudo ser perfeito, arrítmico, descoordenado e a cada momento feito,  contemporâneo...
mas ainda não há quem queira caminhar. 
E sem pés valentes, sem gente sem medo de tropeçar, sem bravos abertos, assim não se pode, não se quer bailar.
Pede-se improviso.
e um pouco de arrebatar.
Eu, por enquanto, ainda não perco o sorriso. E esse,  sabe-se ainda que me vai acompanhar.

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