11.12.11

luas novas

Primeiro o frémito... o poder que me invade o baixo ventre, sacode-me o corpo, enche-me dessa força, sequiosa, bruta, sedenta... poderosa. A barriga cheia, o sorriso largo, tudo o que me pertence se cumpriu. Aos poucos, abro as mãos. Abrir as mãos, largar, soltar... saltar de coração. Acima do corpo. Entre a mente e os afectos, entre a tesão e os anseios. De barriga cheia, fêmea, de lua ao alto e campina aberta. E entende-se, integra-se, mais que cadela, loba, mais que matilha, alcateia. E toda a calma que uma cuidadora têm. Corre-se de mirada o terreno de caça, limpam-se as esteiras, ordenam-se as crias, lambem-se as feridas, as tuas e as dos outros. E a cada passo alfa, mais um pouco de sossego. A cada campanha, mais espaço para ti, o espaço cada dia mais limpo para te cumprires. Em alcateia. Com espaço. As patas a ficarem largas, cada rosnar mais assertivo, e estes meses que são anos por te estares a aprender a servir. Ao serviço de ti, em serviço do que te tornas. Fluido e controlado. Porque a floresta é tudo menos caos e no teu corpo e desejos impera a ordem de ti. Impera uma harmonia. A harmonia de uma clareira, a criar espaço com um sorriso, de mãos ao alto e corpo em trânsito, de cabeça fixa. Pronta para cada campanha, ágil em cada caçada, cumpridora de cada missão, sempre primeiro imposta por ti.
Cada salto, coração, cada conquista coração, cada caçada, estômago e barriga. Impera a mente. Impera a harmonia.
Uma loba é um corpo completo. E as luas acordam a que eu não reconhecia.

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