12.1.12

Ainda bem que ninguém me ensinou a desamar

Primeiro quis-te fervorosamente em mim, conservar todo o amor, mesmo suspeitando impossível que seria ter-te sem premissa, sem colaboração. Houve momentos em que espalhava aos ventos esse amor tão aplacável, tão brando e grande como o mundo todo quereria. Momentos em que me julgava maior. Houve dias em que me deixei pequenina, à espera da tua resposta perdão que não vinha. Outros em que chorei por te sentir a fugir do meu coração, por pensar que era rejeição birra por não teres tudo o que querias e não ver que era tudo... maior. Ouve... fui crítica, vi todos os defeitos, podres e horrores por não me quereres falar. Olhei para o feio e a dizer que o fazia, não estava a saber perdoar. E por não ver mal que te fiz, empederni, tornei-me imperdoável, arrogante sem dar conta. Já não digo que não te fiz mal, nem procuro essa raiz a rever os passos atenta a tudo o que fiz. TU o hás-de saber, e quererás dizer-mo ou não, e hei-de-te ouvir, rir e sofrer, ou talvez nunca se fale mais, com tantos atalhos diferentes, com os baraços e desembaraços que diferentes vidas dão. Continuo a ter pena de te ter feito sofrer, mas não tenho culpas e o tempo passa sem as saber, ou querer. São formas tão diferentes e as conversas têm os seus tempos.
Toda a tua recusa e rejeição parou de doer e nesses tempos pensei que tinhas saído do meu coração, não sei se fugido tu ou expulso por mim, descido para as entranhas, pronto a uma ultima transformação, e em rima de criança, de escárnio suave no meio de um riso tremendo, todo tu, completo, saído, sem esforço, bem digerido, fora de mim.  
Depois sonhei-te, e o sonho não foste só tu, mas foste um momento. E vi-te numa casa grande, no meio de tantos nossos amigos, sentadinho no chão, com uma ela que não sei quem é perto de ti (houve tempos em que também suspeitei que isso iria doer, se me anegrar sei que é ego, infantil, por um sentimento de posse e orgulho ferido que nem me pertence nem é de mim). Ajoelhei-me perto de vocês, a conversa era boa, leve casual, permeada de risos baixinhos e delicadezas (relembro como isso é tão teu e tão bom, agora depois de o sonhar). Nada pesado e os limites que sentia também não incomodavam, a intimidade era outra, cúmplice mas distante, indicando que nada havia sido conversado (e descanso agora, o tempo dirá se é necessária ou não). E depois vem o bonito, olho para o pavimento de madeira clara enquanto converso e vejo. E vejo, os pés emeiados, o teu, o dela, e uma festinha meio entrelaçado tão lindo quanto prometedor. Não digo nada, e por dentro sorrio, sorrio muito. Um sorriso, este sim MAIOR. 
Foste o meu primeiro grande amor. E eu fui um teu, grande e bonito também. Espero que encontres outro e que o honres, com um tamanho assim MAIOR. Sei agora com certeza que só te quero o Bem. Sem mais nada determinar.
E o tempo há-de fazer com que haja bons encontros... ou não. Já não é importante, e quando foi estava enganada, porque o importante é o sentir.
Ambos mereceremos e saberemos ser felizes, 

c.

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